Conceito

Presença de tecido endometrial (endométrio = camada que recobre o útero por dentro) fora da cavidade uterina, mas mantendo sua característica histológica e função, ou seja, sangra todos os meses (Sampson).

Este tecido fora da cavidade uterina induz a uma reação inflamatória crônica causando aderências e retrações (Kennedy).

Epidemiologia

Atinge cerca de 5 a 10% das mulheres em idade reprodutiva. No Brasil acredita-se que haja de 6 a 7 milhões de mulheres com endometriose em idade fértil. O custo da doença no Brasil chega a R$ 10 milhões de reais por ano. No mundo acredita-se que tenham 170 milhões de mulheres com endometriose.

A idade não parece ser um fator relevante para a endometriose, mas devemos ficar atentos aos sintomas em adolescentes, principalmente dor e cólica menstrual incapacitante.

Em relação a raça, classe social, grau de instrução e escolaridade as conclusões são discutíveis.

Pacientes que não tem filhos ou tem gestação mais tardia (além de 35 anos) tem maior chance de desenvolver endometriose do que mulheres que apresentam gestações mais precoces e um maior número de gestações devido ao estímulo do estrogênio ser maior.

Na literatura não existe consenso até o momento atual que o fator genético/familiar tenha fator relevante na incidência de endometriose.

O maior índice de massa corporal (peso, obesidade) tem sido relacionado com um menor índice de casos de endometriose.

Teorias para o aparecimento da endometriose

1) Teoria do Refluxo Menstrual

Sabemos que todas as mulheres apresentam durante a sua menstruação refluxo de sangue para a cavidade peritoneal. Um percentual de 10 a 12% destas mulheres não conseguem reabsorver este sangue que voltou por não possuírem uma substância chamada NK (Natural Killers – um macrófago que digere este sangue refluído) e estas mulheres acabam desenvolvendo a endometriose peritoneal.

2) Teoria da Metaplasia Celômica

As células que revestem a cavidade abdominal são originárias de células embrionárias comuns. Quando no processo de diferenciação celular, as células que revestem a bexiga, o intestino, ureter podem se converter em tecido endometrial e responder a estímulos hormonais (estrogênico) e desenvolver a endometriose nestes locais.

3) Teoria Imunológica

 Deficiências no sistema imunológico também podem causar a doença, tornando o corpo incapaz de reconhecer e destruir as células endometriais que crescem no lugar errado.

4) Teoria Linfática

O sistema linfático pode, também, transportar células do endométrio para outras partes do corpo e dar origem a um quadro de endometriose em locais mais distantes, como o pulmão, por exemplo.

Outras causas

Após algumas cirurgias, como histerectomia, miomectomia, cesariana, por exemplo, as células do endométrio podem prender-se às incisões cirúrgicas e desenvolver endometriose ou endometriomas de parede abdominal.

Endometriose peritoneal

A classificação da endometriose peritoneal é baseada na penetração que a doença causa no peritônio:

– Superficial – até 2mm;

– Intermediária – entre 2 e 4mm;

– Profunda – Invade além de 5mm.

Sintomatologia

Dismenorréia – cólica menstrual

Quanto mais intensa, maior a probabilidade de ter endometriose e as cólicas menstruais que não cessam após o uso de anticoncepcionais orais devem ser melhor avaliadas. Cólicas incapacitantes que necessitam medicação endovenosa ou intramuscular para sua melhora devem ser avaliadas.

Dispareunia de profundidade

Dor na relação sexual na penetração profunda na maioria das vezes.

Infertilidade

Pacientes tentando engravidar após um ano de tentativa sem outras causas.

Dor pélvica crônica

Dores abdominais com mais de 6 meses de evolução sem outras causas (afastar intolerância a lactose ou ao glúten).

Tratamento

Clínico – cirúrgico;

Cirúrgico – clínico;

Cirúrgico – clínico – cirúrgico.